terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Filósofos da Libertação Animal: Bernard Rollin

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Em uma série de posts dedicados ao nosso primeiro encontro, vamos apresentar alguns dos principais filósofos relacionados ao movimento de libertação animal: o que eles pensam e quais são seus principais trabalhos. Para esse estudo escolhemos Bernard Rollin, Gary Francione, Peter Singer e Tom Regan. Essa relação não está completa e corresponde apenas aos autores cujas obras estão na nossa lista de referências. Eis o post sobre o Dr. Bernard Rollin.

Bernard E. Rollin é Professor Emérito de Filosofia, Ciências Biomédicas, Bioética e Ciências Animais da Universidade Estadual do Colorado (Fort Collins, EUA). É ativista pelos direitos animais desde a década de 1970, quando teve conhecimento das atrocidades que os animais não-humanos sofrem em pesquisa biomédica e no ensino. Entre 14 livros e mais de 300 artigos publicados, é autor do livro Animal Rights & Human Morality (1981). No grupo de estudos temos a 3a edição, de 2006.

Rollin faz uma análise filosófica rigorosa, partindo de uma extensão da ética de Kant e do uso do conceito de telos, de Aristóteles, para mostrar que animais não-humanos são sujeitos de direito. Neste caso, é a natureza do telos, e não a razão ou capacidade de cognição, que insere os animais não-humanos na nossa esfera de consideração moral. Dependendo do telos de cada ser, o interesse será diferente (e.g., interesse em vida continuada, interesse em não sentir dor). Mas, em todos os casos, o fato de possuir um interesse já é suficiente para fazer parte de uma comunidade moral.

A princípio, o pensamento de Rollin parece ser semelhante ao de Regan e Francione - os mais importantes defensores da abolição da exploração animal - embora seja muito menos conhecido do que estes. O discurso de Rollin é a favor da abolição de toda forma de exploração animal, seja para alimentação, vestuário, esporte, entretenimento ou pesquisa científica. Por outro lado, historicamente ele tem participado da elaboração de leis de regulamentação de exploração animal, chamadas de "leis de bem-estar animal." Ele foi, por exemplo, o principal articulador das mudanças na lei federal estadunidense Animal Welfare Act em 1985. Recentemente, leis como essa começaram a ser criticadas por defensores de direitos animais, notadamente pelo professor Gary Francione, pelo fato de tornarem a exploração mais eficiente aos exploradores, ainda que aparentemente sugiram um melhoramento nas condições de tratamento dos animais explorados. Rollin afirma que críticas como essas são apenas "bobagens de radicais" e que Francione quer adotar a política do "quanto pior, melhor." O professor Rollin também é tão otimista quanto o filósofo Peter Singer ao acreditar nos avanços obtidos nas últimas décadas pela legislação bem-estarista. Talvez por essas posições antagônicas, Rollin não tenha conquistado um espaço de destaque tão grande quanto Regan, Francione e o próprio Singer. A filosofia de Rollin é nitidamente radical ao reconhecer animais não-humanos como sujeitos de direito, mas na prática as concessões que ele faz às leis bem-estaristas, e sua omissão quanto à prática do ativismo vegano (para evitar confrontos e não parecer tão radical), passam uma ideia de inconsistência de ações.

Algumas curiosidades: Rollin já realizou mais de 1000 palestras sobre direitos animais ao redor do mundo. Ele também é motociclista e foi co-autor de um livro sobre a relação entre a Harley-Davidson e a filosofia (sim, isso existe!). Ele também é levantador de peso em nível de competição e cavaleiro (ele disse não ver nenhum conflito moral no fato de ter cavalos para montaria).

Notas:
  • A biografia de Rollin foi obtida do seu perfil online da Universidade Estadual do Colorado.
  • As opiniões de Rollin sobre Gary Francione e sobre seu uso de cavalos para montaria foram obtidas através de comunicação pessoal.

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